Jorge acordou no dia de domingo e foi até o playground onde esperava ver algumas crianças, mas não havia ninguém além de um faxineiro que varria as folhas pelo caminho. Ele se sentou no lugar em que já estava acostumado e recomeçou seu trabalho arquitetônico, tentando se lembrar dos mínimos detalhes de sua casa. Ao finalizar o desenho viu que tinha uma área entre a cozinha e a sala de estar que ficava sem uso. Era a primeira vez que prestava tanta atenção aos detalhes, embora não existisse mais casa, era como ele se lembrava. Sentiu o peito aperar em um soluço enquanto admirava a sacada do apartamento de Oswaldo. Pensava consigo “quem seria louco de morar em um quartinho desses? Não entra ar e a luz é pouca. Mal dá pra se movimentar dentro do apartamento”. Então Oswaldo deu-lhe um tapinha nas costas, Jorge engoliu o soluço e levantou-se.
_ Vamos ao campo jogar uma partida de futebol?
_ Eu não jogo, não.
_ Vamos! Você fica lá assistindo o jogo e tomando uma cervejinha.
_ Ah... Eu prefiro ficar aqui mesmo.
_ Vai ficar aqui fazendo o que?
_ Ah eu não sei...
_ Vamos logo. Eu te empresto uma bermuda.
Eles foram. Chegando lá Oswaldo encontrou-se com seus amigos do trabalho e começaram uma partida, enquanto Jorge assistia na lateral do campo. Um dos homens que assistia também deu-lhe um copo de cerveja. Jorge ficou olhando o liquido no copo por um tempo, admirando a pequenas bolhas e a linha fina de espuma que se formou no topo do copo.
_ É de beber isso moço. _ O homem deu risada enquanto incentivava Jorge a beber. E ele bebeu. Bebeu uma e outra, depois outra. E assim foi até que o jogo acabou e Oswaldo voltou do vestiário já de banho tomado.
Ao ver Jorge rindo e conversando com o outros homens Oswaldo sentiu um alívio. “Finalmente! Ele está melhorando” ele pensou já feliz. Mas ao sentar-se com Jorge e os outros homens percebeu que ele falava de sua casa.
_ Daí eu percebi que eu fiz uma escada do tamanho de um quarto e perdi um espaço gigante. Eu podia fazer uma casa naquele espaço. Uma bem maior de onde eu estou morando agora. _ Sua fala já estava embolada e difícil de entender. Os outros homens olharam para Oswaldo num sinal para que ele fizesse algo.
As Ruinas de Jorge Cap. 8
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