A vida através de janelas retangulares

Fonte: Padmini Arte

Conheço algumas pessoas que vivem numa pequena bolha particular, assistindo o mundo através de janelas retangulares que só mostra parte de um todo, uma visão filtrada com o propósito de criar um ideal comum. Essas pessoas acabam assumindo como verdade a opinião alheia. Ou mesmo quando conseguem formar sua própria opinião, se baseiam na sua visão estreita e unilateral que só lhe permitem chegar à conclusões a partir das opiniões de outros.
Aprendi que devemos dar aos outros o benefício da dúvida. Será que ele é culpado? Será que ele é bom? Mesmo que alguém parece muito simpático ou que não tenha uma cara muito boa, sempre permito que a pessoa se apresente e dou um tempo até tirar minhas conclusões. A primeira impressão nem sempre é a que fica. As pessoas mudam de humor, oscilam eu comportamento entre os extremos de ser sociável e solitário.
Da mesma forma são os lugares. Um ambiente é feito de pessoas. E se as pessoas oscilam, os ambientes também oscilarão. A minha regra básica é permanecer em um determinado lugar por certo tempo e ver como as pessoas nele oscilam. E essa variação do ambiente vai depender de muita coisa. Há cidades consideradas destinos perfeitos, mas atente-se para o complemento dado à essa frase. Uma cidade considerada perfeita para passar as férias ou para fazer um detóx da alma pode ser um péssimo lugar para morar. Um ambiente considerado ótimo para trabalhar e ganhar dinheiro pode ser considerado péssimo para se viver.
Mas não podemos nos deixar levar por essas listas infinitas de destinos e rótulos dados à tantas coisas. As janelas retangulares pelas quais vemos muitas dessas listas são apenas um dos vários ângulos de pessoas e lugares. Se considerarmos que pessoas têm vários ângulos e que lugares são feitos de pessoas, imagina quantos ângulos tem um lugar.
A nossa tentativa de eliminar os riscos de viver acaba tirando da nossa própria natureza aquele espirito de aventura que foi o responsável por trazer a humanidade tão longe. E a culpa de tudo isso é o nosso medo constante de provar as teorias que ocupam a maior parte do movimento que ocorre através das janelas de nossa vida.

Prezo pelo dia em que todos nós possamos ser livres de nossas bolhas particulares e recuperemos a nossa natureza exploradora. Que possamos descobrir nossos mundos e parar de disputar um pedacinho de janela. Que termine essa busca por mais do mesmo e que a diversidade alimente a nossa fome de vida.

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