JE NE SUIS LA TRAGÉDIE

Je ne suis la morte

A arte de correr, se debater e arrepender. A mania de viver para defender quem vai morrer. E se fosse você? O que ia fazer? Se esconder e enrijecer? Quem é você? Como saber se vai doer? Por que não se entristecer? Quem vai saber quando eu morrer? Será você?

Je ne suis “charlie”

A arte de debater e apontar o que não é você. De definir o que é melhor pro seu viver, sem perceber que eu não sou você. Não sou seu corpo, não sou sua mente. Eu não respiro seus ares. Eu não conheço seus males. Não sei tocar seus acordes. E nem sofri com os seus cortes. Eu não senti sua dor, porque eu tenho minha própria dor. Tenho eu próprio corpo, minha própria mente, meus ares e meus males, todos os meus acordes e ainda sofro com os meus cortes.

Je ne suis le feu

A arte de queimar. De se transformar, de reduzir e engolir para sempre o existir. A mutação. O transformar-se em um trovão e o furacão que vem e tira tudo do chão. Mas eu sou cama, sou leve, sou casta e tenho febre. Quase morro todos os dias ao ver as vidas que são perdidas. Uma a uma elas vão queimando, se transformando, enquanto o vento as vai soprando.

Je ne suis le drapeau

A arte de se transformar em cores, em foras, em desamores. É limitar-se, encaixotar-se. Internalizando o ser e obedecer as regras do anoitecer, da escuridão que vem ao mundo todo engolindo e denegrindo a imagem da natureza. Já não resta nenhuma beleza, apenas a certeza que isso é vingança da Mão Natureza.

Je ne suis le boue

A arte de mascarar-se, em um mundo de desculpas inventar-se. E ir levando, toda a sujeira que vai criando. Reinventando piadas ácidas com vidas drásticas e histórias sarcásticas. Enquanto o homem vai soterrando, com seu veneno intoxicando. É assim que a vida apodrece, enquanto o homem envelhece e a juventude se aborrece com os problemas que nem conhece. E a mão da vida não se esquece que tudo aquilo que apodrece não a merece.

Je suis la vie, je suis l’amour

A arte de produzir, de existir, contribuir e não apenas coexistir. Levar o amor e fazer sorrir a que mão tem pra onde ir. Abraçar e encantar a quem não quer mais existir. Alimentar e saciar a sede de quem quer amar. E não mais brigar. Somente amar.

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