A noção de comunicação recebeu atenção a partir do século XIX e somente durante o século XX tornou-se assunto de pesquisas; hoje já é discutida no ambiente acadêmico pela importância que assumiu na âmbito social. Desde o século XVIII, Adam Smith já dava o seu primeiro passo teórico sobre o assunto (MATTERLART, 2001).
A troca de mensagem e a troca de mercadoria entre pessoas logo foi considerado em um sentido mais amplo um tipo de comunicação. Na perspectiva de Sodré (1996, p.11 apud LAIGNIER e FORTES, 2009) que:
“comunicação é quando se faz referências à ação de pôr em comum tudo aquilo que, social, política ou existencialmente, não deve permanecer isolado. Isso significa que o afastamento originário criado pela diferença entre os indivíduos, pela alteridade, atenua-se graças a um laço formado por recursos simbólicos de atração, medição ou inculação”.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA COMUNICAÇÃO
A comunicação oral surgiu com os proto-humanos na pré-história, estes comunicavam-se através de um código primitivo de gestos e sons que combinados formavam a mensagem, como dizem Laignier e Fortes (2009, p. 9). Para este grupo de indivíduos a mensagem tinha que ser curta. Para os autores os Proto-Humanos não tinham capacidade de decodificar e gravar mensagens longas. Em seguida surge uma espécie chamada Cro-Magnon, que utilizava a linguagem com códigos cujos significados eram mais complexos e socialmente compartilhados, proporcionando o desenvolvimento da comunicação e do pensamento humano. Acredita-se que essa espécie que antecede o Homo-Sapiens já utilizava a fala como forma de comunicação, por causa da sua estrutura física ser semelhante a do seu sucessor. Esse grupo de indivíduos praticava rituais próprios da cultura da época repetidamente como forma de recordar e difundir a cultura; estava sempre remetido ao presente, pois não fazia planos de longo prazo.
Há a possibilidade de identificar duas formas de utilização da linguagem oral, sendo elas a oralidade primária e a secundária, conforme aponta Lévy (apud Laignier e Fortes, 2009, p. 12). A oralidade primária seria o período já citado, dos proto-humanos e da espécie Cro-Magnon, compreende a fala gesticulada. O intermédio entre a primária e a secundária seria o surgimento de outras possibilidades de comunicação, como a escrita, a impressão, rádio e televisão. Eis que, nesse intermediário, surge o Homo-Sapiens (espécie humana) e com essa nova espécie um novo estilo de vida, o homem agora vive agrupado em determinadas regiões, construindo territórios e assume uma postura sedentária, deixa de ser caçador para ser pastor. Criou-se, então, cenário propício para o surgimento da escrita e alguns autores afirmam que a principal causa desse surgimento foi econômica, uma vez que comercializavam mercadorias uns com os outros e tornou-se necessário controlar a transição das mercadorias pelo território.
Um dos primeiros povos a utilizarem a escrita como forma de organização foram os sumérios. Eles faziam uso da escrita cuneiforme, desenhos em tabulas de argila ou pedra e cada desenho tinha um significado. Posteriormente, no Egito, surge uma nova forma de escrita, agora por razões politicas tendo em vista que o Egito era uma Monarquia rígida e havia necessidade de registrar os feitos do rei. Os egípcios utilizavam a escrita por sinais ideográficos, os hieróglifos. Mas nesse contexto surgem duas formas de escrita cursivas; a hierática, usada nos textos religiosos dos sacerdotes e a hierática, utilizada nos documentos de direito privado e nos outros setores sociais. Nesse contexto social a escrita era um privilégio dos escribas, pessoas alfabetizadas que eram responsáveis pelo registro de informações escritas. Os egípcios ainda contribuíram para o desenvolvimento da escrita através da invenção do papiro, material que antecede o papel e onde foi gravada a história do Egito.
Já os fenícios, habilidosos comerciantes, constituíram a escrita silábica que daria origem ao primeiro alfabeto ocidental de que se tem história. O código de escrita era composto apenas pelas consoantes e foi difundido pelo mundo através da navegação, do comercio e das relações diplomáticas desse povo. Esse sistema de escrita passou a ser utilizado também pelos gregos (devido às relações comerciais entre os dois povos) que acrescentaram as vogais ao código fenício e deu origem ao primeiro alfabeto. Na sociedade grega dessa época a alfabetização passa a ser mais democratizada e, embora as mulheres não tivessem direito à alfabetização, esse não era um privilégio de escribas ou de um único grupo social.
Embora tenha ocorrido grande avanço na comunicação escrita na Grécia, a sociedade era baseada na oralidade. Nesse contexto surge outro meio de registrar informações escritas: o pergaminho, material semelhante ao papiro, porém mais resistente que demandava maior especialização para ser fabricado.
Enquanto isso, no Oriente, os chineses desenvolveram o sistema de escrita ideográfico, com mais de quatro mil caracteres, que eram grafados em tábuas de madeira, isso levou os chineses a pesquisarem alternativas de suporte para a escrita, a primeira foi o papel de seda, que por ser caro era utilizado apenas nos comunicados imperiais e oficiais. Os chineses buscaram conhecer alternativas de suporte para a escrita já utilizada por outras sociedades e, tendo notícia sobre o papiro (no Egito) e o pergaminho (na Grécia), desenvolveu o papel, também de origem vegetal como o papiro, porém mais resistente. O papel foi difundido pela Europa pelos árabes, com grande importância religiosa, devido à obrigação de copiar o Alcorão antes de decorá-lo. Além disso, os árabes transmitiram a cultura grega pela Europa através de suas bibliotecas.
Os romanos também desenvolveram um código de escrita, o alfabeto latino, não se sabe se a partir do alfabeto grego propriamente dito ou do etrusco, que é uma adaptação do alfabeto grego que chegou à região da Toscana. Em Roma havia também muitas bibliotecas públicas e privadas, as quais continham salas de leitura e discussão, o que demonstra a difusão da leitura na região.
Posteriormente a humanidade entra em um momento critico do desenvolvimento da comunicação, a Idade Média, momento onde surge a Igreja Católica Apostólica Romana e com ela ficam centralizados todo o conhecimento. Esta controlava o conteúdo que era transmitido para a sociedade, os monges traduziam apenas obras que condiziam com o ideal da Igreja Católica. A prática da leitura era um privilégio de monges e alta sociedade ligada à Igreja. Mais tarde, houve o surgimento das faculdades que ampliou o acesso às obras escritas, as gregas principalmente.
A Idade Média também modificou a forma de arquivar os documentos; antes os livros eram enrolados em pedaços de madeira formando os volumina (no singular – volumen palavra que deu origem ao termo volume) e a partir de então passaram a ser encadernados nos codex, muito parecido como os livros que usamos hoje. Na China desenvolveu-se a impressão sobre a madeira, devido à necessidade de impressões idênticas, fato que antecede a criação da prensa tipográfica por Gutenberg. A partir de então a evolução na forma de se comunicar tornou-se mais rápida e a nova forma de impressão dos livros levou a humanidade à uma nova Era chamada Idade da Impressão, que de acordo com DeFleur e Ball-Rokeach (1993) deu-se um pouco antes de Colombo fazer sua famosa viagem, disseminou-se pela Europa e outras partes do mundo, possibilitando o acesso de mais pessoas aos livros e descentralizando o conhecimento das mãos dos escribas sacerdotes e elites políticas. Em seguida, aproximadamente no século XIX, surgem o jornal impresso em Nova York (meados de 1930) e a mídia elétrica, como o telégrafo e telefone. Mas na visão de DeFleur e Ball-Rokeach (1993) foi com o uso de filmes, radio e televisão que começou a Era da Comunicação em Massa de fato. Segundo Monteiro (2008, p. 46-47)
o norte-americano Lee DeForest desenvolve, em 1906, uma válvula amplificadora (tríodo) que aumentava as características do sinal, promovendo sua estabilização. Ainda naquele ano, o canadense Reginald Fessenden utilizava um alternador produzido pelo sueco Ernest Alexanderson e conseguia a primeira transmissão de som sem fios.
Já Rodrigues (2012, p. 15) afirma que o rádio surgiu da verificação experimental de Hertz, em 1887,de ondas de rádio que viriam a ser chamadas de ondas hertzianas, revelando novas possibilidades na programação de voz, mais tarde o físico Édouard Branly constrói um aparelho chamado coesor, capaz de captar essas ondas. A partir daí o rádio passa a exercer função importantíssima para a comunicação em massa, transmitindo desde notícias até programas direcionados a grupos sociais distintos. E não demorou muito para a sociedade conhecer um novo astro da comunicação, a Televisão (ou TV) paralelamente com o satélite transmitia imagem e som diretamente para as residências. E em seguida, entramos na Era dos Computadores e com ela a internet derivada da WWW (do inglês World Wide Web, cuja tradução aproximada seria “rede mundial de computadores”). De acordo com Costella (apud Rufino, 2009, p. 7):
[...] a internet começou a nascer no final da década de 1950 a partir deprojetos desenvolvidos por agências do Departamento de Defesa Americano, preocupadas com manter a viabilidade das telecomunicações em caso de guerra nuclear. A ideia central desses projetos consistia em interligar centros militares por meio de computadores, de tal forma que a destruição de um deles não impedisse a sobrevivência dos demais bem como a de um centro remoto [...]
A partir de então constitui-se a Sociedade da Informação (SI), onde de acordo com Coutinho e Lisboa (2011) não existem barreiras para o conhecimento e onde ocorre o processo de mudança constante, tanto no que diz respeito à tecnologia quanto à utilização da mesma e os impactos na sociedade.
Quais os meios de comunicação que você mais usa? Além da internet - é claro.
Até mais...
REFERÊNCIAS:
COUTINHO,Clara; LISBOA, Eliana. Sociedade da informação, do conhecimento e da
aprendizagem: desafios para a educação no século XXI. Revista de Educação, Vol. XVIII, nº 1, | 5 – 22, 2011
DEFLEUR, Mervin L; BALL-ROKEACH, Sandra. Teorias da comunicação de massa. Tradução da 5ª ed., Rio de Janeiro, p. 21-40*, 1993
LAIGNIER, Pablo. FORTES, Rafael. Introdução à história da comunicação. Rio de Janeiro: E-papers, p. 05-27, 2009.
MARTTELART, A.; MARTTELART, M. História das teorias da comunicação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola, 2001.
RUFINO, Airtiane F. Twitter: a transformação na comunicação e no acesso às informações. XI Congresso de Ciência da comunicação na região do Nordeste, Intercom - sociedade brasileira de Estudos interdisciplinares na Comunicação. Teresina, 2009.
SILVA, Nair. Radio na web – um novo modelo de comunicação radiofônica. Ciberlegenda, p. 124-134, 2011.