Sufocando - As Ruínas de Jorge

Depois daquele dia Oswaldo não levou mais Jorge ao futebol. Jorge não gostava de discussões que giravam em torne que circunferências em movimento. Os homem do futebol faziam algazarra por coisas bobas. Jorge fazia barulho pelo que acreditava ser um bem maior. O seu bem maior.
Quando amanheceu Oswaldo ouviu Jorge se debater no quarto de hóspedes, falando enquanto dormia. “Deve estar tendo um pesadelo” ele disse à sua esposa. Ao chegar perto do quarto ouviu o amigo falar em sonho e parou para escutar. “Eliza! Acorda Eliza!” Oswaldo sacudiu a cabeça e hesitou um pouco antes de abrir a porta. Quando entrou viu Jorge retorcendo-se na cama ensopado de suor, as cobertas caídas no chão de um lado e o travesseiro do outro. Ele tocou no ombro do amigo e chamou algumas vezes até ele dar um pulo e cair de joelhos no chão.
Ele soluçou e seus olhos estavam molhados. “Acorda... Acorda” ele balbuciou enquanto encarava Oswaldo.
_ Foi só um pesadelo Jorge. Levanta.
_ Ela não acorda... _ Fazia dias que Jorge não saía de casa. Ou como ele gostava de frisar, da casa de Oswaldo.
_ Levanta Jorge _ Oswaldo ajudou seu amigo a se levantar e levou-o até o banheiro para que ele tomasse uma ducha. Jorge entrou no chuveiro ainda de roupa. Ele estava de shorts e camiseta. Ficou ali debaixo da água durante alguns minutos. Oswaldo voltou e encontrou o amigo na mesma posição, desligou o chuveiro e chamou-o para tomar café da manhã. Os olhos de Oswaldo estavam vermelhos e tinha ainda uma aparência cansada.
Finalmente Oswaldo conseguiu fazer Jorge voltar ao mundo dos vivos e questionou o que o assustou tanto no sonho.
_ Tinha essa mulher deitada do meu lado, ela estava tendo um pesadelo. E me dizia o tempo todo que estava pegando fogo. Alguma coisa estava pegando fogo. Ela não conseguia respirar. Tava sufocando. Eu tentei acordar ela mas ela não me ouvia. Só tossia e sufocava do meu lado.






Cap. 9 - As Ruínas de Jorge

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