LEITURAS DE MARÇO

Seguindo a proposta de leitura que me propus este ano, seguem meus comentários sobre os livros lidos neste mês de março. Antes de abordar os livros em si, gostaria de abordar uma curiosidade que pra mim é, em certa forma, surpreendente. Percebi, depois que criei uma meta de leitura, que adquiri certo ritmo para cumprir os prazos propostos. Mesmo que este prazo seja implícito e totalmente flexível, estou me empenhando para cumpri-los com uma determinação curiosa. Eu sou afeita aos prazos, sempre trabalho melhor assim, com data para entregar. Mas quando se tratava de leitura nunca tinha me submetido aos prazos. Vale a pena experimentar, nem que seja uma vez e em curto prazo.


Os livros deste mês não foram escolhidos, foram meio que achados. Tem o volume de contos de Clarice que há muito queria ler. Dei início aos contos. E ainda encontrei outros três numa promoção sedutora na Livraria Nobel. Mantive o padrão com o qual me comprometi no começo do ano: metade Literatura Brasileira e a outra metade estrangeira. Agora vamos aos livros:

Autores da Nova Literatura Brasileira



Faz um tempo que estou pesquisando os autores brasileiros, em busca de referencias nacionais e para conhecer a nossa literatura que, dizem por aí, anda um pouco desvalorizada. Acabei encontrando muitos autores que estão atuando no mercado literário no momento, alguns inclusive já tem prêmios prestigiados em nosso país e no mundo. Vale a pena conferir, pelo menos, uma obra de cada. Como são muitos, não vou ficar aqui debulhando um a um. Abaixo você verá uma lista bem resumida e algumas sugestões de livros para você ler, caso se identifique com o autor. 

Angélica Freitas: "poética feminina. urbana, bem humorada e sagaz", assim foi descrita as obras poéticas dessa autora.
  • Rick Shake (2007)
  • Um útero é do tamanho de um punho (2013, finalista do Prêmio Portugual Telecom).

Ferrez: literatura periférica.
  • Os ricos também morrem (2015)
  • Capão Pecado (2000)
  • Manual Prático do Ódio (2003)
  • Deus foi almoçar (2011)
  • Ninguém é inocente em São Paulo (2006)

Bruna Beber: nostalgia da infância e suas vivências à distancia da capital.
  • A fila sem fim dos demônios descontentes (2008)
  • Balés (2009)
  • Papapis e Apapos (2010)
  • Rua da Padaria (2013)

Pedro Rocha: poeta da fala
  • Onze (2002)
  • Chão inquieto (2010)
  • Experiência do calor (2015)

Conceição Evaristo: crítica social, ancestralidade e religião.
  • Pôncia Venâncio (2003)
  • Histórias de livres engano (2016)
  • Becos da memória (2006)
  • Poemas da recordação e outros movimentos (2015)
  • Olhos D'água (2015, Prêmio Jabuti)

Ana Martins Marques: cotidiano e poética informal.
  • A vida submarina (2009)
  • Da arte das armadilhas (2011)
  • O livro das Semelhanças (2015, Prêmio biblioteca nacional e finalista do Prêmio Portugal Telecom)

Michel Lub: temas traumáticos.
  • Diário da queda (2011)
  • Música anterior (2001, Prêmio Érico Veríssimo)
  • A maçã envenenada (2013)

Ana Paula Maia: a dor da invisibilidade diante da alienação do trabalho e do cotidiano.
  • De gados e homens (2013)
  • Carvão animal (2011)
  • Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2009)
  • A guerra dos bastardos (2007)
  • O habitante das falhas subterrâneas (2003)

Daniel Galera: esse autor já é bem conhecido no mercado nacional. Ouço falar dele em quase todos os podcast e palestras que assisto. Aborda o cotidiano e questões existenciais.
  • Barba ensopada de sangue (2012, Prêmio SP de Literatura e 3º lugar no Prêmio Jabuti)
  • Cordilheira (2008, Prêmio Sesc de Literatura)
  • Mãos de Cavalo (2006)
  • Até o dia em que o cão morreu (2003)

PS: me perdoem a falta de referência, mas já fiz essa pesquisa há algum tempo e não me recordo exatamente onde encontrei as informações.

RECEITA DE BOLO

Liberte-se dos padrões

Estava navegando na minha timeline do Facebook ouro dia e me deparei com uma infinidade de receitas de todos os tipos. Receita de bolo, receita e pudim, receita de biscoitos, receita de salgados, receita de hambúrguer, receita de suco para emagrecer, receita de suco detox, receita de doce funcional, receitas e mais receitas. Ah e tinham as receitas de coisas não comestíveis também. Como parecer mais magra, como conseguir ma bunda maior, como conseguir um pênis maior, como ficar rico, como ter sucesso, como ficar famoso, como investir do Tesouro Direto, como atrair um homem, como manter um homem, como dar prazer para um homem, como fazer a mulher "chegar lá", como criar seus filhos, como limpar sua casa, como limpar seu rosto, como remover a maquiagem adequadamente, como ficar musculoso... Como, como, como...
Sabe, a maioria dessas receitas é bem útil. Ajudam bastante na verdade. Mas, daí eu percebi que em muitos dos grupos que eu participo no Face mesmo, as pessoas já estão tão acostumadas com as receitas de bolo que já não se preocupam em criar suas próprias receitas. Saem todas pela web desesperadas mendigando receitas. Como eu faço isso? Como eu faço aquilo? De que forma que devo dizer o que sinto? Como parecer elegante mesmo não sendo? (...) É uma infinidade de pessoas buscando coisas prontas para comprar. Ideias prontas, modelos de qualquer coisa para preencher, padrões para seguir, pessoas para copiar. Isso me lembra muito a época da faculdade, quando a maioria das pessoas me procurava perguntando se podia copiar meus trabalhos. Sério mesmo? Na faculdade? Eu pensava que essa pratica estaria finda lá na quinta-série, mas ela persistiu e perseverou para além do terceiro grau.
Eu não estou isenta das receitas de bolo, claro que não. Mas ao ver tanta gente incapaz de criar qualquer coisa que seja sem uma receita me deu uma sensação de que algo está errado. Como pretendemos mudar o mundo se continuamos replicando comportamentos do passado? Como vamos fazer o melhor trabalho que a terra já viu alguém fazer, se estamos apenas copiando algo que alguém já fez antes. Sempre me preocupo com a originalidade das coisas que faço. Sempre gostei de ser "A diferentona". Ser igual não é exatamente legal, do meu ponto de vista. Mas eu sigo padrões. Criei também os meus padrões. Acho que todos já ouviram falar na expressão "roube como um artista". Isso quer dizer, fazer o que todo mundo já fez só que diferente. É preciso dar o seu ponto de vista para as coisas que você faz. mostrar aquele detalhe que os outros artistas não foram capazes de enxergar naquela figura tão simples e comum a todos os olhares. Por que no fim das contas, não há nada que já não tenha sido inventado. Mas é preciso se reinventar.
Conhecer o que já foi feito é a melhor forma de aprender como fazer as coisas. Então se você quer pintar, veja o que os pintores já fizeram. Se você quer escrever leia o que já foi escrito. Se você quer dançar, assista o que já foi dançado. Se você quer ser um milionário, conheça os milionários que já existem. Se você quer ser o melhor, conheça o que há de melhor no mundo. Mas não para fazer igual, porque o sucesso não vem em uma embalagem na sessão de frios, que voce simplesmente coloca no micro-ondas e está pronto. É preciso construí-lo com muito trabalho e muita dedicação. E nenhuma receita de bolo fará de você uma pessoa de sucesso, farão de você apenas igual aos outros.