Característics da Literatura Brasileira Comtemporânea


Passei grande parte do ano de 2016 pesquisando estilos e as características da literatura brasileira, em pares para escolher qual a abordagem iria utilizar no meu livro, mas também para entender como a literatura se apresenta na atualidade. Entre as pesquisas encontrei informações muito sucintas e explicativas sobre a forma utilizada pelos escritores contemporâneos em suas obras. Dentre as características básicas que encontrei nos romances estão; realismo, intimismo, urbanismo, político, fantástico/surreal, memorialista e experimentais.

Regionalismo
A primeira característica que reina há muito tempo é o regionalismo, por ser uma forma de transcrever o que está acontecendo acaba sendo utilizado para apresentar os fatos mais recorrente. Mesmo se tratando de ficção, os escritores optam pelo regionalismo para registrar suas impressões sobre o ambiente  ao redor e, assim, criam um registro da sociedade que será muito bem utilizado no futuro. Não é uma característica contemporânea, mas ainda persiste em muitas obras de novos escritores.

Intimismo

Há uma busca não muito recente, na minha opinião, do entendimento da existência humana e isso, claro, e traduz na literatura. Muitos autores brasileiros têm dedicado suas obras para abordar problemas humanos, e aqui me refiro ao que vai além do âmbito social, ou melhor, antes das necessidades sociais do ser humano. Os problemas abordados são dos mais diversos temas, entre a vida adolescente e velhas questões filosóficas sobre a existênca, ms sempre apresentando sentimentos e questionamentos de personagens reais da nossa cultura. Às vezes em convergência com culturas estrangeiras, porém, tendo sempre tendo como personagem principal o ser humano.

Urbanismo

Já li alguns livros que se dedicam especialmente ao urbanismo, nessa característica aparecem as questões do que se chamava antigamente de burguesia e proletariado. Aquela velha discussão sobre as diferenças entre ricos e pobres, incluindo todas as consequências sociais que existem entre elas. O Brasil é um país marcado pela desigualdade econômica e é natural que vejamos isso traduzido na literatura.

Político

É claro que um país marcado por controvérsias políticas iria registrar toda essa pantomima em literatura. E como o povo brasileiro é o mais criativo do mundo, aqui encontramos a política nacional retratada de diversas formas, seja uma paródia, reportagem, uma obra puramente histórica e até como romances policiais, a politica é devidamente representada nas prateleiras das livrarias em todo o país. Nos últimos anos temos visto mais obras dedicadas à esse tema por causa dos vários escândalos que já conhecemos.

Fantástico/Surreal

Esta é uma característica que foi um pouco negligenciada pelos escritores brasileiros. Um país onde questões como o urbanismo e a política são mais marcantes, a fantasia acabou sendo deixado um pouquinho de lado. Até o grande sucesso de J.K Rolling e sua criança amaldiçoada não víamos muitos livros dedicados à esta temática nas livrarias, salvo os gamers discípulos de Tolkien e jogos de estratégia. Antes dessa febre de bruxaria juvenil começar, o que víamos na literatura brasileira era o surrealismo, que não deixa de ser uma abordagem fantástica, mas não trata propriamente do universo de fantasia que já era muito explorado em outros países. Encontrei uma grande quantidade de escritores iniciantes de aventurando no universo fantástico, mas quanto fui fazer uma pesquisa sobre o fantástico brasileiro me deparei com uma página cheia de referências a Érico Veríssimo e os seus Sertões.

Memorialista e Experimental

Biografias, registros históricos, registros contemporâneos de coisas eu têm historia, memórias de seres ainda vivos, ensaios sobre toda discussão que gera um burburinhos nas redes sociais. Acredito que os livros de Youtubers (tão polêmicos) estejam carregados dessas características. Mas temos outros menos polêmicos. Na minha opinião, tudo o que ainda é novo e prematuro é chamado de experimental. Talvez sejam estas as características mais marcantes da literatura contemporânea e nós só seremos capazes de classifica-las corretamente mais tarde.

Intertextualidade

Essa é uma característica marcante da nossa geração. Estamos sendo bombardeados por todo o tipo de informação e aprendemos a digeri-las ao mesmo tempo. Já víamos esse recurso ser usado em obras clássicas, mas o dialogo entre obras já conhecidas é ainda um recurso recorrente.

Outras características citadas por aí são: a mistura de tendências, a união da arte erudita com a popular, temas cotidianos, o próprio engajamento social e a preocupação com o presente sem a projeção ou perspectiva para o futuro. As formas reduzidas também aparecem como uma característica contemporânea, em época de Twitter os minicontos e até microcontos (140 caracteres) têm o seu espaço.

Fui procurar também as características das poesias nacionais e o que encontrei é evidente e obvio, mas acho valido citar:
  • Concretismo ( na construção e estrutura do poema)
  • Poema processo
  • Poesia social
  • Tropicalismo (aqui entram a ironia, paródia, humor e fragmentação da realidade)
  • Poesia marginal
  • Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens e colagens)
Algumas dessas informações eu tirei do blog Toda Matéria e do site Mundo Vestibular, outras são um compilado de anotações que fiz durante todo o ano passado e que já não me recordo a fonte. Se estiver interessado mesmo em entender essas características e como utilizá-las em seus livros, sugiro que busque livros de literatura e estude cada um deles separadamente.

Minhas leituras - Janeiro e Fevereiro


Minha biblioteca pessoal está aumentando... Então resolvi que vou publicar todos os meses um resumo das minhas leituras. Percebi que já faz um tempão que não posto nenhuma resenha aqui, hoje trouxe logo quatro livros de uma vez. A verdade é que não li muitos livros do ano passado para cá. Estava (e ainda estou) muito atarefada e com muitos livros na fila esperando para serem lidos. Vou me comprometer a postar pelo menos uma vez por mês as resenhas dos livros que tenho lido.

O QUE PERTENCE AO MAR


Heitor era jovem pescador quando saiu pela primeira vez sozinho para alto mar, seu pai havia ficado de cama por causa de uma indigestão grave. O jovem era magro, mas forte, tinha os cabelos negros e a pele queimada pelo sal e pelo sol. Ele já tinha experiência em águas rasas, mas seu pai sempre lhe dizia para tomar cuidado com as coisas que o mar sempre traz. Raras foram as vezes em que o mar trouxe às águas rasas da vila criaturas estranhas e disformes já sem vida. Os pescadores acreditavam que era algum aviso dos deuses para que não pescassem naquele período. Houve uma vez em que muitas frutas coloridas foram trazidas pela maré alta, algumas deles eles nunca haviam provado e os mais velhos da ilha disseram que era um presente daqueles que os vigiavam do outro lado.
O jovem jamais contestou as crenças do povo da vila, acreditava em todas elas. Fez sua prece aos deuses antes de entrar no barco e prometeu que traria a mesma quantidade de peixes que seu pai, nenhum a mais. Ele sabia que se quisesse poderia levar muito mais do que seu pai. Era mais jovem, mais forte e desenvolveu algumas técnicas que seu pai se recusava a usar. Mesmo assim ele lembrou-se do que sua mãe havia dito antes de sair para o mar. “O mar sempre nos oferece o que precisamos, não há razão para se aventurar para além do mar”. Ele não entendeu o conselho a principio, mas agora vendo a imensidão daquele mar ele percebeu que se tivesse um barco maior com certeza iria querer se aventurar para além das águas cristalinas daquele mar. Mais ao longe as águas ficavam turvas e obscuras. Todos acreditavam que aquela parte do mar era propriedade dos deuses e ninguém ousava navegar para lá.
O jovem pescador já havia conseguido a quantidade exata que seu pai estava acostumado a levar. Ficou ali comtemplando o horizonte e as águas escuras, questionando-se se havia algo além do mar. De repente ouviu um barulho de algo se debatendo na água do mar. Virou-se e viu que alguém havia mergulhado e estava agora a nadar. Era uma mulher, de cabelos loiros e braços magros nadando como um peixe divertidamente. Deu uma boa olhada em volta e não avistou nenhum barco, grande ou pequeno que pudesse tê-la levado até ali. Ela parou em frente ao jovem flutuando na água e sorridente.
_ Como chegou aqui? – ele quis saber.
_ Um barco amigo. Me deixaram para trás. _ Ela debruçou na beirada do barco e ficou encarando-o.
_ Quer que eu lhe dê uma carona de volta? É muita água para nadar...
Ela aceitou e ele a viu subir no barco de forma ágil e sem ajuda. Eles seguiram até a praia conversando sobre os peixes que Heitor costumava pescar. Ela falou da paixão pelo mar e de como gostava de nadar. Heitor vendeu os peixes, levou alguns para casa e a convidou para jantar. Ela aceitou com o mesmo sorriso encantador. Quando a noite já estava escura e o mar brilhava com a luz da lua ela se despediu e disse que teria que voltar.
Foram até a praia e Heitor a assistiu brincar com a areia.  Ela passeou a beira-mar. Pegou algumas conchas e guardou-as das dobras da saia.  Ele sentou na areia e deixou-a partir, sem tirar os olhos da mulher cujos cabelos tinham o brilho do sol. Mais adiante ela entrou na água novamente e nadou até alto mar. Então ele percebeu que como uma sereia, ela pertencia ao mar.

SOBRE A CRÍTICA



A crítica existe. Ela está aí do seu lado. Ela está lhe vigiando noite e dia, dia e noite, tomando nota de tudo que você faz e como faz. A crítica em si não é sua inimiga. Ela é uma expectadora da sua vida. Todos ganhamos uma crítica quando nascemos e levamos ela para toda vida. Qual a função da crítica? Nos criticar, óbvio. Mas não simplesmente fazer comentários negativos, mas apontar tudo aquilo que fazemos, o que está dando certo e, principalmente, o que está dando errado. E quando a crítica percebe o que está errado antes que nós mesmos consigamos notar vem cheia de dedos apontados para nosso ego e gritando em alto e bom som: isso está errado. O sentimento que nos acomete nessas horas é um misto de raiva e medo. Raiva por ter alguém nos apontando nossos erros sem nenhuma discrição. E medo porque... Bom, porque temos vergonha das nossas falhas. Temos vergonha das nossas imperfeições, daquilo que nos coloca fora dos padrões. E toda essa vergonha faz crescer em nós o medo de inovar.
Inovar é preciso. É essencial. É crucial para nos manter em movimento e deslocar os nossos corpos em direção ao que nos faz melhores. Mas e o tal do medo? E se a crítica souber que temos tanto medo? A crítica jamais nos perdoará se falharmos ao tentarmos perseguir aquele sonho antigo do sucesso. A crítica anda sempre um passo atrás do sucesso. Ela segue seu encalço para poder apontar todas as ações que levaram até o sucesso. A verdade é que nunca nos livraremos da crítica. Ela estará lá quando falharmos, inevitavelmente, sempre a nos observar.
Já que a crítica é algo tão certo e previsível, então por que não passamos por cima dela, superando o fato de que ela sempre estará lá, e simplesmente fazemos o que nos faz bem? Vamos correr atrás daquele sonho, vamos nos permitir falhar quantas vezes forem necessárias para alcançá-lo. Sem nos esquecermos de que a crítica vai vir conosco e vai estar lá sempre que falharmos. Mas também, estará lá quando vencermos para dizer: você está aqui hoje porque me escutou, porque não me ignorou e porque me permitiu fazer pequenas interrupções nas suas ações. Assim, corrigindo as nossas falhas e apontando as coisas que fazemos de melhor, a crítica vai nos ensinando o que funciona e o que não funciona. E ela mesma vai nos mostrando de onde partem as informações que devemos escutar e quais devemos ignorar.
O segredo, que na verdade não é bem um segredo, é prestar atenção à crítica quando ela lhe trouxer observações daquilo que você faz de melhor. Mesmo falhando - e, acredite em mim, você vai falhar - o que a crítica faz ao nosso ego vai depender exclusivamente da importância que damos à ela. Pensa, se a crítica for mesmo válida, absorva. Mas nunca absorva o que não lhe pertence, o que não lhe acrescente, o que não faz você querer ser melhor.
Seja amigo da sua crítica. Porque, vai por mim, ela não vai largar você...