LEITURAS DE JUNHO

O mês de junho foi meio tenso com relação às leituras. comecei a fazer uma nova pesquisa para o próximo livro e isso me levou a ler um pouco mais devagar. Os primeiros livros que li esse mês foram "Onde estivesses a noite" e "Via crucis do corpo" da coletânea Todos os contos da autora Clarice Linspector, fiz um post somente sobre estes livros na semana passada porque queria fazer um comentário de toda a coletânea e a minha opinião sobre a autora. Leia o post no aqui.


Um dos livros que comecei a ler para o próximo livro é "A história do café", pretendo criar algo em torno dessa atmosfera do campo e da produção agrícola. Mas não vamos falar tão já sobre meu processo criativo. Escrito pela pesquisadora Ana Luiza Martins e publicado pela Editora Contexto, o livro conta toda a história do café, desde a sua descoberta no oriente, passando pelo "contrabando" do grão para as Américas, a introdução do grão no mercado brasileiro até a ascensão da produção nacional ao nível de maio produtor mundial da especiaria. Este deve ser considerado um livro paradidático; pois, apesar de trazer uma estética narrativa mais informal, é um estudo complexo e com uma riqueza de detalhes que satisfez minha curiosidade. É um ótimo livro para ser usado em estudos da construção e crescimento da população nacional. Muito da história do próprio país está diretamente relacionada ao grão. Mas não é um livro que se tome como uma cafezinho. Ele é denso e complexo como todo livro de história. A autora dividiu o livro em quatro partes: descoberta do grão, o grão na época do Império, o grão na República e as datas mais atuais. Isso ajuda a direcionar os seus estudos, se estiver focando em alguma época específica. Mas todo o livro tem conteúdo particularmente interessante, curiosidades sobre o grão, sobre a bebida, sobre a sociedade, sobre a corte portuguesa, sobre os barões do café e aí por diante. Várias personalidades importantes são citadas e há fotografias que retratam visualmente a sociedade daquelas épocas. Vale muito a pena ler, mesmo que você não goste de café.


Outro livro que li este mês foi um achado em um sebo. No mesmo dia que comprei o livro sobre a história do café, acabei encontrando sem querer "A história do leite" encostadinho ali no café. Nada sugestivo. Este livro é uma espécie de material promocional da Vigor. É um livro muito bonito, cor de leite gordo e recheado de fotografias lindas. Ele conta como as sociedades humanas começaram a consumir o leite animal e todas as lendas e tradições por trás desse costume. Além de detalhar os avanços tecnológicos na industria láctea. É um daqueles livros que servem mais para promover a marca, mas tem curiosidades interessantes para quem, como eu, é escritor e precisa de inspiração diária. Sem falar que caiu como uma luva esse café com leite.

Estou entrando numa fase muito mais histórica do que puramente literária, mas acredito que para valorizar a literatura nacional precisamos conhecer o país em que moramos e as origens das lendas em que acreditamos. Até mesmo para criar conteúdo original e com a cara do nosso Brasil e não simplesmente uma cópia xerocada de um produto americano. O nosso país tem muita história que vale a pena ser contada. 

RESENHA: TODOS OS CONTOS, CLARICE LINSPECTOR


Esse mês eu finalizei a leitura do livro/coletânea “Todos os Contos” dessa grande bruxa brasileira chamada Clarice Linspector. Agora sim eu tenho certeza de que essa mulher era uma bruxa. Mas vamos por partes, ok?


O penúltimo livro de contos da Clarice ( Clarice, assim, bem intimo mesmo, porque somos amigas agora), chama-se “Onde estivestes de noite” e é uma “viagem” ao que é atemporal e inexplicável. Nesse livro a feiticeira Linspector toca em questões que são muito abstratas e profundas como a própria existência. Os contos são muito sobre o tempo, como estamos usando o tempo e de que ele está passando. Ela ressalta aqui também que todos temos um animal dentro de nós – que na visão dela pode ser um cavalo, ou o homem é que está no cavalo – e que cada um de nós tem sua própria luta. Todos estamos em uma jornada que é individual e intransferível.



O último livro é intitulado “Via crucis do corpo” e foi considerado à época um livro pornográfico. Muito longe dos livros eróticos que lemos hoje, ainda é uma abordagem bem sutil. É uma seleção de contos reflexivos, mas sem pudor. Aqui a autora deixa-se livre para contar as histórias de mulheres que experimentara e usaram o corpo. Sem aquele pudor que dizia que a mulher tinha que cobrir o corpo, esconder a pele, ser casta e pura. As mulheres desses contos são prostitutas, bígamas, adúlteras, mulheres apenas que experimentam o próprio corpo como algo que é só delas e de mais ninguém. E por serem delas estes corpos, elas os compartilham com quem ou o que bem entenderem. São contos divertidos e profundos ao mesmo tempo. Todos muito sérios, mas sem o compromisso de ser levado a sério. Este é, pra mim, o melhor de todos os livros dessa coletânea, embora sejam todos muito bons.

O livro termina com três contos soltos, “Brasília”, “A bela e a fera ou A ferida grande demais” e “Um dia a menos”. De todos os contos desse livro o único que eu não gostei foi “Brasília”, não sei explicar, mas não gostei mesmo – não sei se do conto ou de Brasília. Talvez eu nunca vá à Brasília de qualquer forma. As “ultimas histórias” são dois contos, que como diz a nota bibliográfica, foram publicados postumamente e estão inacabados. Foram editados para a publicação, mas contém algumas inconsistências que a atora talvez pretendesse arrumar em uma revisão tardia. Mas nesses dois contos o organizador da coletânea concluiu com os temas que Clarice abordou em toda sua obra: o ovo, a mulher, a classe alta, o ser humano e a sua feitiçaria única. Essa questão do ovo volta mais amadurecida, o ovo sendo algo que é o começo, que é novo e que é eterno.

Todos os contos é uma obra de literatura fantástica. Mas é aquele fantástico brasileiro que une religião, alucinação e bruxaria. Em muitos dos contos é nítido que os personagens não estão encarando a realidade, mas algo que é surreal, inventado ou não. Em todos os contos a autora aborda a religião de alguma forma, seja apenas dizendo que o personagem foi à missa ou falando propriamente de Deus, mesmo que nem sempre com este nome. E tem uma coisa de bruxaria na autora que ela mesmo menciona em um dos contos e como é chamada por muitos dos que conhecem sua literatura. É sem dúvida uma autora de personalidade  voz próprias. Foi protagonista de sua história e a escreveu de próprio punho. O que mais posso dizer, sou fã.

LEITURAS DE MAIO



O mês de Maio foi marcado por leituras ruins. Não que os livros em si sejam ruins. Longe de mim querer julgar a obra de outro autor como boa ou ruim, não tenho conhecimento técnico necessário ara fazer tal julgamento nem ousadia necessária para tanto. Mas às vezes a gente pega um livro com certa expectativa e acaba se decepcionando. Foi o caso do livro de Umberto Eco, esse já aclamado escritor que recebe elogios de críticos literários e é exibido em estantes literárias é realmente uma conquista. Tatiana Feltrin mencionou em um de seus vídeos/resenhas que todos os vídeos desse autor são dificílimos de serem entendidos. É necessário estar atento aos detalhes e ter muito material de apoio para acompanhar as tramas escritas em cascata. Sim, eu disse as tramas. Em o Pêndulo de Foucault temos várias histórias sendo contadas. Passado distante, passado imediato e presente estão divididos pela fina linha da narrativa complexa em vários níveis. Não é uma leitura de entretenimento como a que eu estou acostumada a ler diariamente. É necessário estar com o Google aberto para pesquisar termos técnicos e estrangeiros constantemente, a maioria em latim o que torna a leitura um pouco mais complicada. Talvez eu não tenha gostado por causa das várias histórias que se confundem. A promessa da sinopse era de contar uma história sobre os templários, mas temos também a trama de um estudante que acaba indo parar no escritório de dois editores meio loucos e aficionados pelas palavras e seus significados. No primeiro capítulo temos um homem se escondendo em um museu e em seguida temos toda a filosofia dos editores e o estudante ainda virgem para as discussões filosóficas mais profundas. É difícil, é complexo, é denso e requer algum nível de conhecimento das questões abordadas. Comprei o livro em um sebo em outubro do ano passado e até agora não cheguei nem na metade. Vou abandonar ele por hora, quem sabe no futuro eu consiga compreender melhor a proposta do autor.

 


O segundo livro do mês foi Reprodução, do autor Bernardo Carvalho. Comprei este livro porque fiquei sabendo que era premiado e muito bem criticado. Esse livro ganhou o Prêmio jabuti em 2014. A sinopse apresenta um personagem preconceituosos preso em um voo de avião. Mas ao abrir o livro me deparei com um monólogo cansativo. Até entendi a proposta do autor que é de mostrar como a mente de um ser preconceituosos se baseia tão somente em seus pré-conceitos. Mas a forma que ele escolheu de mostrar isso é maçante. O livro é dividido em três partes, como em três atos, mas em momento algum se vê (ou lê) outros personagem que não seja pela perspectiva do protagonista. A pontuação, marcada apenas pelo pensamento frenético e tagarela do personagem torna difícil a leitura se você, como eu, lê aos poucos. Geralmente leio no meu horário de almoço ou entre uma atividade e outra. São trinta minutos às vezes para ler. E eu detesto ter que parar um capitulo pela metade. No caso desse livro é impossível porque não é dividido em capítulos, são três grandes seções de uma média de cinquenta páginas cada e os parágrafos também são enormes. Às vezes a pontuação é confusa. Também não é uma leitura de entretenimento. O assunto em si não é desenvolvido, a interação do protagonista com outros personagens é mínima – não li até o final, então não sei se isso muda mais tarde, mas no começo é uma leitura arrastada, oque me fez abandonar esse também.

Eu definitivamente não foi fã de monólogos. E também não fui muito feliz com uma história de um personagem só. Sozinho em deserto extremo, do autor Luiz Brás é um livro muito parecido com o filme Eu sou a lenda (que também tem um livro, mas eu ainda não li). Sabe aquela história apocalíptica sobre um mundo devastado onde só sobrou você. Um homem sozinho na cidade. O que ele faz? Quebra tudo, saqueia tudo, usa de tudo, come de tudo. Me parece uma daquelas histórias adolescentes em que o garotinho fica sozinho em casa sem supervisão dos pais (olha o Macaulay Culkin aí). Nenhum grande questão foi apresentada, nenhum problema para ser solucionado, nenhuma questão humanitária ou pessoal. A única dúvida que fica é: por que todo mundo sumiu? Mas não foi suficiente para eu continuar lendo o livro. Com tantas histórias pós-apocalípticas dando sopa por aí, porque eu me prenderia à esta em particular?

E aqui eu comecei a refletir sobre a importância das primeiras páginas em um livro. Sabe aquela conversa sobre escrever o primeiro capítulo perfeito? Então, é mesmo importante. Veja bem, são três exemplos de livros que não consegui digerir devido ao fato de as primeiras páginas não me instigarem a conhecer o fim da história. É quase como se eu encontrasse alguém na rua e ela começasse a me falar do tempo. Não dá vontade de continuar a conversa. Tempo é tempo, ou está bom, ensolarado, ou está ruim, nublado, chovendo. Mas se por alguma razão a pessoa me aborda com uma questão mais aprofundada, do próprio tempo que seja, como porque frio é melhor que calor, talvez eu queira continuar a conversa. Livros não são apenas papel, não são apenas letras dispostas umas atrás das outras. São diálogos. Temos que ver a história como algo vivo, uma conversa para um jantar, ou para a hora do café. Não como um simples registro de fatos.


E como eu precisava de algo bom para esse mês, segui com minha leitura de Todos os Contos da Clarice Linspector. A cada livro que leio entendo mais porque a chamavam de bruxa da literatura. A forma como ela envolve o leitor nas histórias é mesmo mágica. Este mês li o livro Laços de Família, que como o próprio nome diz, são relatos de relacionamentos no que era a família do século XX. Nesse livro ela sai da questão “mulher” e parte para uma abordagem mais complexa de “ser humano”. É interessante ver o progresso da autora onde as questões pessoais implícitas no texto se misturam às questões sociais e plurais da humanidade. Em seguida deste, temos uma seção chamada de Fundo de Gaveta com quatro contos. Esses quatro contos se aprofundaram num tema que eu venho percebendo na escrita de Clarice, a espiritualidade, e acho que por isso ela é tão “feiticeira” nas palavras. Clarice inclui a religião em seus textos de uma forma não é catecismo, mas um relato de como a religião era praticada à sua época, sem o compromisso de ser evangelizadora. É sutil e implícito em todos os seus contos, mas aqui nessa seção podemos ter uma evidencia da importância do tema nos textos da autora. E para finalizar o mês, temos o livro Felicidade Clandestina, um lembrete da Clarice para nós de que não podemos ter tudo na vida e que  a própria felicidade pode ser algo clandestino. Não sou capaz de escolher um só contos desses livros como meu favorito, mas posso dizer o conto “Pecadora queimada e os anjos harmoniosos” foi um que me surpreendeu e muito, tem uma atmosfera de tragédia grega e não sei porque me lembrou “O auto da barca do inferno”.

Tenho outras leituras em andamento, mas estas vão ficar para o próximo mês. Até mais.

CANAIS DE POESIA NO YOUTUBE

Estive procurando canais no Youtube sobre poesia, para me inspirar e me distrair, e acabei me deparando com uma busca muito difícil. São inúmeros os canais literários focados em resenhas e em comentários literários, alguns de profissionais, outros de amadores amantes da literatura. Mas todos os canais seguem o mesmo modelo de sobrevivência do Youtube que nós já conhecemos - vamos fazer o que todo mundo está fazendo, falar sobre o que todos mundo está falando - não que eu acho isto errado, é uma forma de se manter nas estatísticas que importam alguma coisa para uma pequena massa. Entretanto, sendo eu uma pessoa do contra, estava procurando algo que fosse mais poético do que comunicativo. Não que a poesia não tenha ago a comunicar, mas que ela tem algo na forma de comunicar que é mais divertido (do ponto de vista da poetiza que sou). Encontrei, pois, alguns poucos canais que trazem em sua mensagem a forma dramatizada e poética que estava buscando.


Esse canal é dedicado a declamação da poesia, seja ela em prosa ou em verso, por pessoas que as interpretam como suas. Dando, assim, uma veracidade à mensagem que emociona. Abaixo segue um dos vídeos do canal, onde Sarah Hannah faz a leitura de seu próprio texto "If people desaprove" (se as pessoas desaprovam, em tradução literal), um texto que propõe um jogo individual de auto-aceitação. Infelizmente o canal é em inglês e não tem legendas, mas se você tem algum conhecimento da lingua estrangeira, vale a pena dar uma chance.




Neste canal, Hugo Moura (não fiz nenhuma pesquisa aprofundada sobre ele, mas acredito se tratar de um ator) declama poesias consagradas de autores nacionais. no vídeo abaixo está "O poeta é belo" de Mario Quintana.



Esse é uma canal que conheci faz um tempo já, nele personalidades, atores e autores conhecidos em território nacional, declamam a poesia de forma dramatizada. no mesmo modelo do canal Poetry Channel Website, mas dando ênfase a poesia nacional que não está apenas nos livros, mas na música, na fala e principalmente na interpretação do que é poesia. Abaixo está o vídeo de "Procura-se um amor" de Adriana Falcão.



Ok, outro canal em inglês... Mas essa escritora, que eu acredito ser britânica pelo sotaque, escreve poesia abstrata acompanhada de vídeos surreais, que são dois elementos que eu adoro em qualquer tipo de arte. O vídeo abaixo se chama "Unfortunally she was beautiful" (infelizmente ela era bonita, em tradução literal).


Bom esses são só alguns dos muitos canais que existem por aí. Se você conhece algum para me indicar deixe nos comentários. E se você ainda não conhece o meu canal clica no vídeo abaixo, "O elefante amarelo" faz parte do Projeto poético "Texto sem Letra". Se você gostar se inscreva lá porque essa semana tem uma série nova saindo do forno.


REDES SOCIAIS PARA ESCRITORES

No começo do ano - em fevereiro, se não me engano - eu participei de um webnário do Carreira literária sobre como utilizar as redes sociais na criação de público literário. Muito do que se disse no evento eu já sabia dese a época em que trabalhava com marketing e pra mim não era novidade alguma. Mas acredito que para muitos dos escritores iniciantes seja algo importante a se saber. Por isso vou listar aqui algumas das coisas que ouvi no webnário e minhas observações sobre o assunto.


ONDE SE PROJETAR?


No evento a editora Flávia deixou bem claro quais as redes sociais que estão em alta para se fazer a projeção de marcas - porque escritores são como marcas, por isso se encaixa perfeitamente nesse mercado - e eu me assustei ao constatar que por mais que já tenham se passado alguns anos desde que trabalhei em uma pesquisa sobre as redes sociais, as redes em alta continuam as mesmas. Facebook e Youtube são de longe as redes mais populares, segundo a editora participam do mercado em 64,82% e 26,04%, respectivamente. Logo atrás vem as redes Twitter, Google+ e Instagram, com uma representatividade de 1,36% as três juntas. No Webnário foram citadas outras redes específicas para escritores, são elas: Wattpad, Widbook, Scribe, Clube dos Autores, KDP Amazon e Papirus. Destas eu conheço somente o Wattpad, que está aí famosinho no meio literário depois que muitos autores foram descobertos através da rede; e o Widbook, que é igual ao Wattpad em funcionalidade, porém possui uma estética mais trabalhada e possibilita a monetização diretamente no site. Eu prefiro o Widbook, porque gosto de um visual mais clean e organizado - é mais bonito mesmo.

COMO ATRAIR OS LEITORES?


No webnário a Flávia passou uma receitinha para conquistar seus leitores em cinco passos. vou comentá-los muito rapidamente.

1 - Escolha das redes: é necessário escolher as redes que mais se adequam ao conteúdo que você produz. No meu caso, eu escolhi o Facebook, como principal forma de divulgação, nele eu consigo atingir o maior número de pessoas que eu sei estão interessadas no tipo de conteúdo que eu produzo aqui no blog e nos meus livros também. Recentemente descobri que as pessoas preferem ouvir poesia do que ler, então passei a usar o Youtube para divulgar minhas poesias e devido ao projeto audiovisual que acabei criando para os vídeos no meu canal utilizo o Instagram para postar o resultado final dos vídeos ( pra quem ainda não viu é só clicar aqui). Então escolha aquela rede que você acha seja mais eficiente para o seu público. Eu cheguei a testar o Wattpad e o Widbook, mas para mim não funcionou muito bem. Acho importante conhecer e experimentar todas as redes antes de escolher. Antes de tomar essa decisão eu tinha conta em TODAS as redes sociais que eu conhecia, fi eliminando até chegar à essas três que, agora, consigo alimentar com mais frequência.

2 - Nicho: isso é realmente algo muito difícil de escolher se você, assim como eu, é multitarefas. Demorei muito, muito mesmo para conseguir me decidir de que lado eu ia caminhar. Foi um longo tempo parada naquela bifurcação olhando para as várias opções que eu tinha até me decidir quais segmentos escolher. Ainda estou entre a poesia concreta e a literatura fantástica, mas com o tempo vou refinando meu estilo até chegar onde quero. Sou poeta, e não nego, mas à fantasia eu me entrego.

3 - Produzir conteúdo de qualidade e com regularidade: e é aqui que mora o grande segredo das redes sociais. A regularidade. Se você é um profissional criador de conteúdo, você precisar estar ativo e mostrando ago novo sempre. Eu me comprometi à publicar um post por semana aqui no blog, porque é o que eu consigo entre trabalhar no meu "full time job" e escrever os meus livros. No canal tenho séries de vídeos que vão ao ar uma vez por semana também. Dessa forma eu tenho conteúdo novo duas vezes na semana. nos outros dias restam a interação entre os grupos do face e as postagens do Instagram. No webnário a Flávia ainda deu a dica de compartilhar conteúdo de que gostamos ou que estão relacionados ao conteúdo que produzimos, achei ótima.

4 - Busque engajamento: este é o grande problema das redes sociais. O manda não são os números de seguidores ou de visualizações. Mas o quanto o público interage com o conteúdo. Temos que tomar o cuidado de ater-nos à temática que escolhemos tratar. No meu caso, poesia e fantasia são os temas tratados sempre.

5 - Ferramentas de cada plataforma: dependendo da rede que você escolheu para se promover como escritor, você encontrará algumas ferramentas para facilitar a criação de conteúdo. No Facebook temos as páginas onde é possível promover conteúdo pagando uma pequena quantia em dinheiro, fazer promoções, criar eventos, enquetes, grupos de discussão, entre outras coisas. No Youtube temos a biblioteca de músicas com licença CC (Creative Commons) ou livre para ambientar seus vídeos, temos as ferramentas de edição ode vídeos, para que você não precise comprar um editor, cards, anotações, playlists, entre outras. Em todas as redes é possível utilizar as hashtags que ajudam a rastrear o conteúdo que você produz, é importante colocar as hashtags em todas as postagens, assim pessoas que não lhe conhecem podem encontrar seu conteúdo e passara conhecer o seu trabalho.

Bom esse webnário não está mais disponível, mas com essas dicas já dá pra começar a organizar suas redes e ter uma consciência do que funciona ou não para você. Lembrando que nem sempre as ferramentas funcionam da mesma forma para pessoas diferentes. Se você quiser investir em cursos de escrita criativa é só ir até o site do Carreira Literária que á tem várias opções. Eu ainda não fiz nenhum deles, porque é necessário certo investimento que está fora do meu orçamento, mas profissionalizar-se é o caminho para o sucesso. Se alguém aí já fez deixa a opinião aí do que achou. E se tiver outras dicas compartilha com a gente.



MONSTRO DA NOITE NUA

Photo by GniMonster

Era noite escura e sem estrelas e sem uma. Uma noite nua. Despida de toda beleza estava ela assim oca. Uma noite vazia de barulhos e sem vida. Eu descia pela estrada de terra em busca de alguma luz que me guiasse pela ladeira abaixo, me deixando levar pela intuição dos pés que já conheciam o caminho a ser percorrido. Apesar de a noite ser estranha a vila era sempre a mesma. Vazia de luzes à noite, as pessoas silenciosas respeitando a hora da noite. Era a terceira vez que fazia esse percurso à noite. Da primeira vez fiquei até tarde no escritório corrigindo o balanço contábil do Jorge Leiteiro que estava todo errado. Em cima da hora o velho pediu para “da uma olhadinha”. Essa olhadinha nunca é rápida. Tudo errado e lá vou eu consertar. Na segunda cheguei no ponto de ônibus com um minuto de atrasado e a condução já estava lotada e engatando a primeira. O motorista bem que podia ter esperado. Agora, sigo caminhando sozinha na noite porque me recusei a pegar carona com o Zé do Litrão. Ele faz entregas para o Jorge Leiteiro nas casas da vila e leva as encomendas para a cidade. Um homem cheio de tranças nos cabelos cumpridos e volumosos que tem um sorriso grande e rasgado.
Me arrependi de ter calçado as sapatilhas que agora deixavam sua marca em meu calcanhar, me fazendo andar cada vez mais devagar. Minha casa, no canto diagonal à direita da vila, fica em um prédio tombado e amarelado. No terceiro andar com vista para as montanhas. É um ugar aconchegante, apertado e decorado do meu jeito. Um lugar tranquilo. Uma das vantagens de morar dentro do mato. As pessoas não ficam empoleiradas umas nas casas das outras porque já mora todo mundo meio que junto de qualquer forma. Tem tudo ao alcance. Hortas, padaria, fazendas de grãos e leguminosas. Tem sempre uma senhora costureira e uma curandeira. A desvantagem? É no meio do mato. Longe da civilização estamos a mercê das criaturas da mata. Dos monstros da noite como o que me encara exatamente agora. Um ser da altura de um homem, com pele tão branca como a luz, refletindo a luz que não há na noite nua. O monstro tem pelos cumpridos por todo o corpo, braços alongados, olhos vermelhos como sangue, dentes saltados para fora da boca entreaberta. Respira suavemente com os olhos demoníacos fixados em mim.
Estou congelada pelo frio da noite e pelo medo que nem sabia que tinha d própria noite. Não há sinal de vida em lugar nenhum e o monstro não demonstra que vai atacar tão cedo. Ficamos assim, encarando-nos. Eu apreensiva com o monstro e ele a espera que eu me mova para algum lugar. O monstro está entre meu destino e eu, bloqueando a ladeira que eu preciso descer para chegar à vila. Me lembrei de todas as histórias que ouvi do monstro da noite nua. Um ser tão vazio de vida que persegue os viajantes noturnos para torna-los como ele. Um ser capaz de destruir um ser humano com uma olhada brutal e ensanguentada. Um ser que congela os músculos de quem está acostumado a andar sem parar pela vida afora. Um ser que não age, apenas reage e apavora. Este ser me encarou na noite nua e eu fiquei sem saber o qeu fazer.
Como todas as criaturas amedrontadas na terra eu me pus a correr. Corri pelo mato na direção contrária a que deveria seguir. Indo de encontro ao que nem sabia o que. Pulei por cima do pântano cheio de sapos silenciosos imóveis sob o olhar do monstro. Corri o mais rápido que pude. Avancei pela floresta adentro, através de árvores que o homem nunca tocou e fui além. Entrei na vila dos monstros, como a presa tola que sou. Vi outros monstros, não tão assustadores quanto o primeiro, mas com ele ainda no meu encalço. Correndo tão rápido quanto eu. Me movi por entre as pedras de uma caverna e fiquei ali por um tempo que não sei definir quanto. Não me lembro para onde foi o monstro. Talvez ele me tivesse exatamente onde queria e por isso deixou de me perseguir. Mas não arrisquei sair até que vi a luz vinda de fora da caverna. Vozes humanas me despertaram de um sono que nem havia visto chegar.
Um dos homens que me acordou parecia um professor, com jaleco e óculos de armação grossa. Tinha um olhar curioso. O outro era velho e trazia uma picareta ao lado do corpo. Olhei em volta do meu próprio corpo e vi que estava quase que coberta de terra, minhas roupas encardidas num tom avermelhado de barro. Eles falavam comigo mas não pude entender. Falavam outra língua. Um idioma estranho. Me ajudaram a me levantar e tentei contar o apuro da noite anterior, mas não me entenderam. Deviam ser estrangeiros. Estava muito cansada e me ajudaram a caminhar para fora da caverna. Do lado de fora um pequeno grupo de curiosos observava o meu resgate. Olhei em suas faces e vi figuras estranhas, humanos desprovidos de sentimentos, com feições lisas. Olhos estalados e bocas em um formato de risco. Não dava para saber se tristes ou alegres. Cabelos lisos e negros escorridos atrás das orelhas amarelas como a pele. Os homens que me puxavam pelo braço pareciam preocupados. Olhei mais uma vez para aquelas pessoas e para aquele lugar perdido no meio do mato e foi quando vi. Lá estava o monstro outra vez. Escondido entre as folhagens num canto escuro. Gritei para os homens olharem. Ele estava lá. Eles não viram. Eles não viram o monstro escondido nas folhagens. Eles não viram o monstro olhar para mim com os olhos vermelhos. Não o viram sorrir com dentes pontiagudos e brancos como seu pelo. Eles não viram...

SOBRE AS PORÇÕES



É engraçado como tudo na vida tem que ser regrado. Cada atitude. Cada sentimento. Cada sensação. Devemos nos alimentar em porções, comer um pouco de cada vez e de três em três horas. Nossas atitudes devem ser dosadas, oferecidas aos poucos e sempre com consentimento. O sentimos deve ser demonstrado, mas não demais, só um pouco.
É incrível como tudo tem que ser medido, pra não extrapolar o entendimento alheio, não esbarrar na ignorância do outro ou em sua falta de empatia. Até parece que na vida somos munidos de porções de ódio, de empatia, de asco, de bondade, de solidariedade, de tristeza, de incompreensão e tantas outras armas para usarmos de forma calculada e planejada até a hora da morte iminente. Não fale muito alto, não invada meu espaço, não interrompa quando eu falo, não seja acuado, tenha modos, seja educado. Toda uma sociedade programada para reagir e coagir com medida, comedida, contra medidas que são de regra. É regra regrar.
E não é só na mente que temos que nos controlar. É no corpo também. O corpo controlado pela mete que é regrada. Não use muito a mente. O cérebro é um musculo e também precisa descansar. Deixa estar. Deixa de pensar. Nao pense em quando deve pensar, ou pesar, ou se preocupar, ou se sustentar, ou aguentar. Não pense em quanto não irá pensar. Apenas deixe de pensar e continue a regrar. Porque no fim das contas não é o quanto de massa física você vai carregar para o fim, o que importa mesmo é a quantidade de porções que você regrou, consumiu e controlou.
Controle o seu dinheiro, controle o seu emprego, seja amigo do carteiro que é quem carrega porções para entregar. E nós também temos as nossas porções para entregar. Mas vá se entregando aos poucos. Respeitando a regra do outro. Porque essa regra toda existe para a gente se respeitar.

LEITURAS DE ABRIL



Esse mês dei uma desacelerada nas leituras, por conta da correria do dia-a-dia e do cansaço mesmo. Fiquei um tempinho fazendo a última revisão no meu livro, quem me acompanha nas redes sociais sabe que já escrevi dois livros este ano (escrevi um e terminou outro). Não são livros que publicarei tão cedo, mas são projetos que estavam na gaveta e que estou dando aqueles ajustes e finalizando para dar espaço para coisas novas. Mas, consegui finalizar dois livros que estavam na minha meta de leitura lá no Skoob e caminhei mais um pouquinho na leitura dos contos da Clarice.

O primeiro livro que li foi “Eles eram muitos cavalos” de Luiz Rufatto. O livro cujo título referencia a autora Cecília Meireles, foi relançado em 2013 pela Editora Companhia das Letras e vencedor dos prêmios APCA e Machado de Assis.  Na sinopse o livro é apresentado como um romance de 136 páginas, composto por 69 episódios da vida cotidiana em São Paulo. Mas na minha opinião, não se trata de um romance e, talvez, pelo fato de tê-lo comprado na esperança de ler um romance fiquei muito frustrada com a narrativa. Não é o tipo de leitura que eu leio para me entreter. Confesso que só terminei de lê-lo para entender a razão pela qual todos os críticos dos quis tomei nota disseram ser um dos melhores livros de ficção da época. Note que estes críticos não se referem ao livro como um romance e sim como um livro de ficção.

Vamos ao livro... A narrativa é alternada entre diálogos, episódios descritos em primeira e terceira pessoa e aparentemente desconexos entre si. Nos cinco primeiros capítulos eu fiquei procurando a conexão entre os personagens e ao fim do livro eu descobri somente uma: eles moram na cidade de São Paulo (ou estão passando por lá). Não existe um enredo ou um desenvolvimento dos personagens, são apenas episódios e se o leitor quiser esmiuçar a vida daquelas personagens terá de fazê-lo apenas em sua imaginação. A leitura é truncada por causa do ritmo que não existe. Hora o texto corre liso , em outras é simplesmente um caminho de pedras com obstáculos. Acho que só quem já morou ou passou algum tempo longo em São Paulo irá entender o ritmo da narrativa. A sensação que eu tive era de estar presa no transito da capital paulista que, hora é extremamente lento, hora é tão rápido que você não consegue ver a paisagem. É um livro sobre São Paulo, onde a cidade é a personagem principal, muitos temas são jogados ao ar e nenhum deles é de fato discutido ou aprofundado. Eu não gostei, embora eu tenha entendido a proposta do autor. Levei mais de duas semanas para acabar porque assumi o compromisso de lê-lo até o final, mas não foi uma leitura divertida.

 


O segundo livro do mês foi “Deus foi almoçar” do autor Ferréz. Lançado em 2012 pela editora Planeta, o livro tem 239 páginas de literatura marginal. Não me lembro como cheguei a este livro, ou à este autor, mas gostei do romance. O livro rata da história de Calixto, um homem de meia idade, separado, com uma filha pequena e procurando o sentido da vida. É uma literatura bem sensível, em se tratando de literatura marginal. Esperava encontrar uma narrativa mais voltada para a realidade da periferia, para confrontos visuais e questionamentos polêmicos. Mas, me vez disso, encontrei uma narrativa subjetiva.

O livro se divide em duas partes. Na primeira o autor nos faz conhecer Calixto e sua condição de homem, separado e sem sentido algum na vida. Essa parte eu achei bem maçante e quase desistir desseguir adiante (já havia me obrigado a ler o livro anterior e não estava a fim de passar por mais uma leitura massacrante e pouco prazerosa). Quando cheguei na segunda parte, comecei a entender do que se tratava toda aquela “enrolação”. O autor faz, na primeira parte do livro, uma ambientação e um problematização do personagem principal. A partir da segunda parte o livro ficou super interessante – pra mim – e segui devorando ele em três dias. Ele faz alguns questionamentos sobre estilo de vida e da realidade de um homem só no mundo. Também achei legal a forma como ele retrata um personagem introvertido, saindo daquele clichê de mostrar um cara que fica à margem, só olhando as pessoas de longe como um bisbilhoteiro inconveniente e esquisitão. Embora todos os introvertidos sejam pessoas esquisitas – eu inclusa – a maioria não está interessada na vida alheia – eu inclusa de novo. Em contrapartida, ele mostra de uma forma até que bem explicita o grande problema que pode ser o isolamento excessivo. Uma coisa que me incomodou muito nesse livro foram as cenas de sexo explicito em excesso, dando a impressão de que o sexo é a única coisa que motiva um homem de meia idade. A riqueza de detalhes é absurda também, mas não são imagens bonitas. De um ponto de vista feminino, acho que mostrar o tal do Calixto fazendo sexo com várias mulheres de todos os tipos não foi algo que enriqueceu a historia, eu achei desnecessário. Apesar disso é um livro interessante, se você não se importar em ler esses episódios na tão excitantes.

 


E por fim, a Clarice. Esse mês dei continuidade ao livro Todos os Contos, na seção (ou livro, ainda não sei como nomear essa divisão) “Laços de Família” a autora confirma que era uma mulher burguesa. Clarice continua retratando mulheres, mas dessa vez sã mulheres mais maduras e cercadas pelo luxo da classe alta. Em todos os contos dessa seção são retratadas donas de casa refinadas, ricas e com criados a seus serviços. Isso mesmo, criados. Eu me incomodei um pouco com isso, mas se formos situar os textos à época em que foram escritos faz muito sentido. Em uma época onde ricos não faziam mais que dar ordens e distanciarem-se das classes menos favorecidas. Foi até engraçado, porque havia acabado de ler o livro do Ferréz, que é sobre a classe menos favorecida e entrei no universo de uma mulher rica.

Mas uma coisa que me chamou a atenção nesses contos, foi a forma fantástica de descrever lugares e pessoas. Há muita fantasia nos textos de Clarice. Não é a toa que ela era considerada uma feiticeira das palavras. Há algo de literatura fantástica no que ela escreve. De uma forma bem sutil, mas está lá. Nas entrelinhas da high society onde mulheres tentam ser mais do que somente a esposa de alguém, mais que somente uma mulher. Ainda tenho muitos contos pra ler, mas a cada dia aprendo mais sobre a sutileza e a profundidade das palavras com a Clarice.

PINTEREST - O PARAÍSO DOS ESCRITORES



Quando comecei a usar o Pinterest eu não tinha muita ideia do que fazer com ele. Mas acabei descobrindo uma utilidade que veio a calhar na busca por inspiração e na organização de ideias. A rede social é um paraíso para quem trabalha com o chamado "Worldbuilding" (criação de mundo traduzindo literalmente). Tenho uma pasta somente para salvar dicas de escrita e do universo de um escritor, esse ser antissocial e solitário que vive em uma escrivaninha - ou biblioteca. Um dos pins que salvei há algum tempo foi um guia para escritores usarem a rede social, são coisas que já vejo alguns autores fazendo por aí e quando comecei a usar dessa maneira realmente me ajudou.

- Dicas e conselhos: esse é um uso básico que vejo em todas as redes (Facebook, Tumblr e outras das quais não me lembro agora). A maioria das dicas postadas no Pinterest são voltadas à escrita - a maioria em inglês - e storytelling. Eu adoro as dicas que contém técnicas de organização de conteúdo e sempre texto todas. Como aqui no Brasil o acesso à cursos de escrita criativa é muito imitado na ponto Rio-São Paulo e ainda são muito caros, mesmo que feitos online; poder conhecer essas técnicas, mesmo que de uma forma superficial, é maravilhoso. Há muitos cards de conselhos e motivacionais para nos manter nessa luta pelo reconhecimento.

- Pastas de personagens: essa é uma dica que eu ainda não sigo ao pé da letra, trata-se de agrupar em uma pasta todas as características do seu personagem e tudo o que ele gosta, para olhar sempre que estiver com bloqueio, ou precisar se lembrar como ele se parece. Pra mim não funciona muito, porque meus personagens já surgem em minha mente claros e se transformam à medida que escrevo. Isso faz parte do meu processo criativo, se estiver tudo muito pronto quando começar eu acabo com bloqueio e o livro não sai. Mas muitos escritores que conheço trabalham dessa forma e funciona muito bem para eles, então vale a tentativa.

- Pastas de clima: trata-se de criar pastas com humores ou sentimentos específicos para cada vez que precisar mudar o humor da cena ou quando for passar para o próximo capitulo acessar a pasta e entrar naquele clima alegre ou depressivo (dependendo do que vai escrever).

- Writing prompts: são cartões com propostas para escrever cenas e histórias inteiras. São ótimos exercícios para melhorar a escrita. Eu sugiro procurar um cartão com uma proposta completamente fora da sua zona de conforto e transformá-la em algo genuinamente seu, é bem difícil, mas você pode se surpreender com o que irá produzir. Essa dica vale mais para quem gosta de desafios, porque eu já vi cada prompt bizarro por lá.

- Worldbuiling: enfim, chegamos ao queridinho. Esse não vale somente para os escritores de fantasia. A criação do universo envolve tudo que existe em um universo, pode ser um país, uma cidade ou uma vila. Nessa pasta você vai incluir aspectos relacionados à cultura, religião, arquitetura, flora, fauna, tecnologia, ciência e tudo o que for importante para lhe colocar dentro da historia que quer contar. Esse é o exercício que eu mais gosto.

Para acessar as minhas pastas no Pinterest é só clicar aqui.

A fonte que usei para este post está aqui ( em inglês).



CHÁ DO EMPRESÁRIO




Ela estava lá sentada de frente para a janela, com o rosto iluminado pela luz diurna de verão. O movimento do lado de fora era mínimo, ela pensara nisso antes, o dia era calmo e tranquilo. Poderiam conversar discretamente sem serem surpreendidos por algum curioso que os pudesse interromper. Ele sentava-se de frente para ela, era impossível ver-lhe o rosto com clareza por causa da luz vinda do exterior. Mas ela se lembrava muito bem daquela fisionomia. Queixo largo, beiços fartos, a pele negra e os dentes brancos. O rosto redondo delineado pelas sombras. Ela admirara aquele rosto por anos e anos sem se cansar. Agora ele estava ali, em sua frente, sorrindo um riso que encheu o ar.
Foi preciso muito planejamento para conseguir tê-lo ali agora, com as mãos sobre a mesa, ao lado do bule de chá preto temperado especialmente para ele. Ela estava realizando seu sonho de tê-lo. Tê-lo apenas e só para ela pela primeira vez na vida. Foram anos de perseguição, de simpatias e oração. Quantas vezes desperdiçou sua feitiçaria com aquele homem pensando que à ele cabia satisfazer suas fantasias.
Mas ele estava feliz. Feliz sem ela. Tinha esposa e duas filhas lindas. Vivia agora na capital, seu sonho desde menino, ela se lembra. Sempre que iam brincar juntos no terreiro da avó ele dizia: "eu vou morar na capitão. Vou ter minha empresa e vou ganhar muito dinheiro". De fato, ele alcançou seus objetivos. Casou-se com uma alemã, branquíssima, de olhos azuis e com família bem de vida. Conseguiu o apoio do sogro e depois vieram as duas marronzinhas - que era como eles chamavam as meninas.
E ela havia planejado tudo desde muito antes de ele vir à cidade. Preparou a poção, dosou as medidas, deu ao cachorro primeiro, depois ao mendigo que morava em sua calçada. Tudo pronto para quando ele voltasse para a cidade e pudesse ser só dela. Mas ele voltou mais bonito, bem vestido, sorrindo e feliz. Ele voltou feliz. E falava sem parar de sua felicidade. Ela já não podia fazer aquilo com o homem feliz. Feliz como estava era uma afronta. Poderia não dar certo. Poderia dar tão certo que daria errado. Não era como ela queria. Não era o que ela queria. Não queria mais fazer aquilo. O chá já na xícara. A mão dele no pires. O sorriso dele preenchendo o ar. Ele sorria e respirava devagar. Respirava ao falar. Ele respirava. Feliz. Sorria. Feliz.
Ele provou o chá. Quente. Queimou. Não deu pra engolir. Ela se adiantou. Levou a mão para ajudar. Ele recusou. Vai esperar esfriar. Enquanto isso, conversa. E sorri. Um sorriso que enche o ar. Ela engoliu o ar. Engoliu o sorriso. Engoliu o arrependimento amargo da poção que ele não engoliu. Por que ele não bebe logo? Por que não se rende e engole tudo de uma vez? Ela não quer admitir. Dizer que errou, que se enganou, que preferia que ele fosse infeliz como ela era. Mas ele sorriu um riso que a fez amolecer. Ele sorria e falava das coisas que via na capital. Falava das maravilhas que fazia como empresário. O sonho realizado. Outra vez a mão na xícara, a mão na mesa, a mão no pires. Ainda está quente. Conversa mais. O telefone toca. Ela pensa em tirar o chá. Dizer que esfriou demais. Dizer que não está bom. Que ele não deve tomar. Que ela se arrependeu de ter-lhe feito o convite. Que ele não deveria ter voltado. Que estava tudo acabado.
Pede desculpas. Ligação importante. Ele é empresário. Ela não é nada. Ela é uma bruxa amarga. Ela é uma mulher desalmada. Uma infeliz. E ele ainda sorri. Muito feliz. As marronzinhas mandaram uma foto. São lindas. Estão com a alemã. Estão na mansão da família na capital. Para onde ele fora sozinho, deixando tudo para trás. Ele nunca pensou em voltar. Ele nunca pensou em ligar. Estava ocupado. Vida de empresário. Poderia ter ligado. Poderia ter visitado. Poderia ter se lembrado das várias noites em claro, debaixo da mangueira, chupando mangas. Chupando. Chupando. Chupando mangas. Mas ele não se lembrou. Não lembrou de nada. Não visitou. Não telefonou. Talvez ele mereça. Talvez ele mereça.
O chá esfriou...
Adeus...
Adeus.
Ele não pode ficar.

SOBRE OS ALTOS E BAIXOS


A vida é cheia de pregar peças na gente. Nos joga pra cima, nos poe pra baixo, nos sacode de um lado pro outro. Faz o maior embaraço. Às vezes faz a gente mudar de lado. Faz com que tudo fique mal acabado, mal resolvido. Parece que a vida gosta de encher nossas histórias de plot twists que fazem a maior bagunça em nossas cabeças. Na minha pelo menos é assim. Uma hora estou em cima, de bem com a vida, sorrindo e curtindo o momento que é só meu. Em outros momentos estou apenas descendo e descendo e descendo uma descida tortuosa e sem fim. Parece que a vida é ladeira. Aquela coisa íngreme que é difícil pra cacilda de subir. Daí, se você tropeça em alguma coisa, pronto, é só cair.
Eu já estive lá em cima, mas nunca subi tão alto. Acho que sou especialista na arte de cair. E como caio. Caio sozinha, assim, sem ninguém por perto. Eu mesma tropeço nos meus pés e saio rolando ladeira abaixo. Vida abaixo. E a vida põe-se a rir de mim. Eu nunca ouço seu riso - que é abafado - porque a vida me observa lá do alto. Incisiva. Imperativa. A minha vida.
E há quem vá me dizer que a vida é feita de altos e baixos. E eu digo, eu sei, bem sei. Mas quem é que quer viver aqui em baixo? Todo mudo busca o que está no alto, o que é mais caro, o que é inalcançável. A perfeição. A projeção da própria vida lá no alto. A gente quer o que é melhor, o que é mais gostoso, o que dá mais prazer, o que vem mesmo por querer. O que dá vontade, o que tem vontade. E sem essa de bom samaritano querer dizer que é preciso viver na humildade, que menos é mais. Menos não é mais. Menos nunca foi mais. Mais é mais.
Mas como estou aqui em baixo, vou juntando meus caquinhos na humildade. Vou levantando devagarzinho. Sem fazer alarde. Recomeçar a minha viagem. A beleza da vida que me aguarde. Estou subindo, de novo. De novo sim. E mesmo se eu cair - de novo - vou continuar a subir. E subir. E subir. E subir eu ei de subir até onde a vida ria de mim. Vou perguntar pra ela por que que a gente tem que cair tanto assim. Por que que quando a gente cai sempre dá vontade de subir mais? Por que a gente aprende que nunca é suficiente e nem se assusta quando a vida ri da gente? Eu vou perguntar pra ela assim: vida por que você só ri de mim? Por que você não rola ladeira abaixo? Eu tenho um papelão e lhe corto um pedaço. Desceremos juntas, lado a lado. E quando chegar lá em baixo, a gente ri junto. Porque quando a gente ri junto é mais engraçado. E mesmo estando em baixo - de novo - a gente sempre pode subir - de novo. Porque cair faz parte. E persistir é uma arte.

LEITURAS DE MARÇO

Seguindo a proposta de leitura que me propus este ano, seguem meus comentários sobre os livros lidos neste mês de março. Antes de abordar os livros em si, gostaria de abordar uma curiosidade que pra mim é, em certa forma, surpreendente. Percebi, depois que criei uma meta de leitura, que adquiri certo ritmo para cumprir os prazos propostos. Mesmo que este prazo seja implícito e totalmente flexível, estou me empenhando para cumpri-los com uma determinação curiosa. Eu sou afeita aos prazos, sempre trabalho melhor assim, com data para entregar. Mas quando se tratava de leitura nunca tinha me submetido aos prazos. Vale a pena experimentar, nem que seja uma vez e em curto prazo.


Os livros deste mês não foram escolhidos, foram meio que achados. Tem o volume de contos de Clarice que há muito queria ler. Dei início aos contos. E ainda encontrei outros três numa promoção sedutora na Livraria Nobel. Mantive o padrão com o qual me comprometi no começo do ano: metade Literatura Brasileira e a outra metade estrangeira. Agora vamos aos livros:

Autores da Nova Literatura Brasileira



Faz um tempo que estou pesquisando os autores brasileiros, em busca de referencias nacionais e para conhecer a nossa literatura que, dizem por aí, anda um pouco desvalorizada. Acabei encontrando muitos autores que estão atuando no mercado literário no momento, alguns inclusive já tem prêmios prestigiados em nosso país e no mundo. Vale a pena conferir, pelo menos, uma obra de cada. Como são muitos, não vou ficar aqui debulhando um a um. Abaixo você verá uma lista bem resumida e algumas sugestões de livros para você ler, caso se identifique com o autor. 

Angélica Freitas: "poética feminina. urbana, bem humorada e sagaz", assim foi descrita as obras poéticas dessa autora.
  • Rick Shake (2007)
  • Um útero é do tamanho de um punho (2013, finalista do Prêmio Portugual Telecom).

Ferrez: literatura periférica.
  • Os ricos também morrem (2015)
  • Capão Pecado (2000)
  • Manual Prático do Ódio (2003)
  • Deus foi almoçar (2011)
  • Ninguém é inocente em São Paulo (2006)

Bruna Beber: nostalgia da infância e suas vivências à distancia da capital.
  • A fila sem fim dos demônios descontentes (2008)
  • Balés (2009)
  • Papapis e Apapos (2010)
  • Rua da Padaria (2013)

Pedro Rocha: poeta da fala
  • Onze (2002)
  • Chão inquieto (2010)
  • Experiência do calor (2015)

Conceição Evaristo: crítica social, ancestralidade e religião.
  • Pôncia Venâncio (2003)
  • Histórias de livres engano (2016)
  • Becos da memória (2006)
  • Poemas da recordação e outros movimentos (2015)
  • Olhos D'água (2015, Prêmio Jabuti)

Ana Martins Marques: cotidiano e poética informal.
  • A vida submarina (2009)
  • Da arte das armadilhas (2011)
  • O livro das Semelhanças (2015, Prêmio biblioteca nacional e finalista do Prêmio Portugal Telecom)

Michel Lub: temas traumáticos.
  • Diário da queda (2011)
  • Música anterior (2001, Prêmio Érico Veríssimo)
  • A maçã envenenada (2013)

Ana Paula Maia: a dor da invisibilidade diante da alienação do trabalho e do cotidiano.
  • De gados e homens (2013)
  • Carvão animal (2011)
  • Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2009)
  • A guerra dos bastardos (2007)
  • O habitante das falhas subterrâneas (2003)

Daniel Galera: esse autor já é bem conhecido no mercado nacional. Ouço falar dele em quase todos os podcast e palestras que assisto. Aborda o cotidiano e questões existenciais.
  • Barba ensopada de sangue (2012, Prêmio SP de Literatura e 3º lugar no Prêmio Jabuti)
  • Cordilheira (2008, Prêmio Sesc de Literatura)
  • Mãos de Cavalo (2006)
  • Até o dia em que o cão morreu (2003)

PS: me perdoem a falta de referência, mas já fiz essa pesquisa há algum tempo e não me recordo exatamente onde encontrei as informações.

RECEITA DE BOLO

Liberte-se dos padrões

Estava navegando na minha timeline do Facebook ouro dia e me deparei com uma infinidade de receitas de todos os tipos. Receita de bolo, receita e pudim, receita de biscoitos, receita de salgados, receita de hambúrguer, receita de suco para emagrecer, receita de suco detox, receita de doce funcional, receitas e mais receitas. Ah e tinham as receitas de coisas não comestíveis também. Como parecer mais magra, como conseguir ma bunda maior, como conseguir um pênis maior, como ficar rico, como ter sucesso, como ficar famoso, como investir do Tesouro Direto, como atrair um homem, como manter um homem, como dar prazer para um homem, como fazer a mulher "chegar lá", como criar seus filhos, como limpar sua casa, como limpar seu rosto, como remover a maquiagem adequadamente, como ficar musculoso... Como, como, como...
Sabe, a maioria dessas receitas é bem útil. Ajudam bastante na verdade. Mas, daí eu percebi que em muitos dos grupos que eu participo no Face mesmo, as pessoas já estão tão acostumadas com as receitas de bolo que já não se preocupam em criar suas próprias receitas. Saem todas pela web desesperadas mendigando receitas. Como eu faço isso? Como eu faço aquilo? De que forma que devo dizer o que sinto? Como parecer elegante mesmo não sendo? (...) É uma infinidade de pessoas buscando coisas prontas para comprar. Ideias prontas, modelos de qualquer coisa para preencher, padrões para seguir, pessoas para copiar. Isso me lembra muito a época da faculdade, quando a maioria das pessoas me procurava perguntando se podia copiar meus trabalhos. Sério mesmo? Na faculdade? Eu pensava que essa pratica estaria finda lá na quinta-série, mas ela persistiu e perseverou para além do terceiro grau.
Eu não estou isenta das receitas de bolo, claro que não. Mas ao ver tanta gente incapaz de criar qualquer coisa que seja sem uma receita me deu uma sensação de que algo está errado. Como pretendemos mudar o mundo se continuamos replicando comportamentos do passado? Como vamos fazer o melhor trabalho que a terra já viu alguém fazer, se estamos apenas copiando algo que alguém já fez antes. Sempre me preocupo com a originalidade das coisas que faço. Sempre gostei de ser "A diferentona". Ser igual não é exatamente legal, do meu ponto de vista. Mas eu sigo padrões. Criei também os meus padrões. Acho que todos já ouviram falar na expressão "roube como um artista". Isso quer dizer, fazer o que todo mundo já fez só que diferente. É preciso dar o seu ponto de vista para as coisas que você faz. mostrar aquele detalhe que os outros artistas não foram capazes de enxergar naquela figura tão simples e comum a todos os olhares. Por que no fim das contas, não há nada que já não tenha sido inventado. Mas é preciso se reinventar.
Conhecer o que já foi feito é a melhor forma de aprender como fazer as coisas. Então se você quer pintar, veja o que os pintores já fizeram. Se você quer escrever leia o que já foi escrito. Se você quer dançar, assista o que já foi dançado. Se você quer ser um milionário, conheça os milionários que já existem. Se você quer ser o melhor, conheça o que há de melhor no mundo. Mas não para fazer igual, porque o sucesso não vem em uma embalagem na sessão de frios, que voce simplesmente coloca no micro-ondas e está pronto. É preciso construí-lo com muito trabalho e muita dedicação. E nenhuma receita de bolo fará de você uma pessoa de sucesso, farão de você apenas igual aos outros.

Característics da Literatura Brasileira Comtemporânea


Passei grande parte do ano de 2016 pesquisando estilos e as características da literatura brasileira, em pares para escolher qual a abordagem iria utilizar no meu livro, mas também para entender como a literatura se apresenta na atualidade. Entre as pesquisas encontrei informações muito sucintas e explicativas sobre a forma utilizada pelos escritores contemporâneos em suas obras. Dentre as características básicas que encontrei nos romances estão; realismo, intimismo, urbanismo, político, fantástico/surreal, memorialista e experimentais.

Regionalismo
A primeira característica que reina há muito tempo é o regionalismo, por ser uma forma de transcrever o que está acontecendo acaba sendo utilizado para apresentar os fatos mais recorrente. Mesmo se tratando de ficção, os escritores optam pelo regionalismo para registrar suas impressões sobre o ambiente  ao redor e, assim, criam um registro da sociedade que será muito bem utilizado no futuro. Não é uma característica contemporânea, mas ainda persiste em muitas obras de novos escritores.

Intimismo

Há uma busca não muito recente, na minha opinião, do entendimento da existência humana e isso, claro, e traduz na literatura. Muitos autores brasileiros têm dedicado suas obras para abordar problemas humanos, e aqui me refiro ao que vai além do âmbito social, ou melhor, antes das necessidades sociais do ser humano. Os problemas abordados são dos mais diversos temas, entre a vida adolescente e velhas questões filosóficas sobre a existênca, ms sempre apresentando sentimentos e questionamentos de personagens reais da nossa cultura. Às vezes em convergência com culturas estrangeiras, porém, tendo sempre tendo como personagem principal o ser humano.

Urbanismo

Já li alguns livros que se dedicam especialmente ao urbanismo, nessa característica aparecem as questões do que se chamava antigamente de burguesia e proletariado. Aquela velha discussão sobre as diferenças entre ricos e pobres, incluindo todas as consequências sociais que existem entre elas. O Brasil é um país marcado pela desigualdade econômica e é natural que vejamos isso traduzido na literatura.

Político

É claro que um país marcado por controvérsias políticas iria registrar toda essa pantomima em literatura. E como o povo brasileiro é o mais criativo do mundo, aqui encontramos a política nacional retratada de diversas formas, seja uma paródia, reportagem, uma obra puramente histórica e até como romances policiais, a politica é devidamente representada nas prateleiras das livrarias em todo o país. Nos últimos anos temos visto mais obras dedicadas à esse tema por causa dos vários escândalos que já conhecemos.

Fantástico/Surreal

Esta é uma característica que foi um pouco negligenciada pelos escritores brasileiros. Um país onde questões como o urbanismo e a política são mais marcantes, a fantasia acabou sendo deixado um pouquinho de lado. Até o grande sucesso de J.K Rolling e sua criança amaldiçoada não víamos muitos livros dedicados à esta temática nas livrarias, salvo os gamers discípulos de Tolkien e jogos de estratégia. Antes dessa febre de bruxaria juvenil começar, o que víamos na literatura brasileira era o surrealismo, que não deixa de ser uma abordagem fantástica, mas não trata propriamente do universo de fantasia que já era muito explorado em outros países. Encontrei uma grande quantidade de escritores iniciantes de aventurando no universo fantástico, mas quanto fui fazer uma pesquisa sobre o fantástico brasileiro me deparei com uma página cheia de referências a Érico Veríssimo e os seus Sertões.

Memorialista e Experimental

Biografias, registros históricos, registros contemporâneos de coisas eu têm historia, memórias de seres ainda vivos, ensaios sobre toda discussão que gera um burburinhos nas redes sociais. Acredito que os livros de Youtubers (tão polêmicos) estejam carregados dessas características. Mas temos outros menos polêmicos. Na minha opinião, tudo o que ainda é novo e prematuro é chamado de experimental. Talvez sejam estas as características mais marcantes da literatura contemporânea e nós só seremos capazes de classifica-las corretamente mais tarde.

Intertextualidade

Essa é uma característica marcante da nossa geração. Estamos sendo bombardeados por todo o tipo de informação e aprendemos a digeri-las ao mesmo tempo. Já víamos esse recurso ser usado em obras clássicas, mas o dialogo entre obras já conhecidas é ainda um recurso recorrente.

Outras características citadas por aí são: a mistura de tendências, a união da arte erudita com a popular, temas cotidianos, o próprio engajamento social e a preocupação com o presente sem a projeção ou perspectiva para o futuro. As formas reduzidas também aparecem como uma característica contemporânea, em época de Twitter os minicontos e até microcontos (140 caracteres) têm o seu espaço.

Fui procurar também as características das poesias nacionais e o que encontrei é evidente e obvio, mas acho valido citar:
  • Concretismo ( na construção e estrutura do poema)
  • Poema processo
  • Poesia social
  • Tropicalismo (aqui entram a ironia, paródia, humor e fragmentação da realidade)
  • Poesia marginal
  • Técnicas inovadoras (recursos gráficos, montagens e colagens)
Algumas dessas informações eu tirei do blog Toda Matéria e do site Mundo Vestibular, outras são um compilado de anotações que fiz durante todo o ano passado e que já não me recordo a fonte. Se estiver interessado mesmo em entender essas características e como utilizá-las em seus livros, sugiro que busque livros de literatura e estude cada um deles separadamente.